terça-feira, 30 de abril de 2013

EDUCADOR POR EXCELÊNCIA, O PROFESSOR IMPRESSINDÍVEL

Ser um educador por excelência independe da formação acadêmica ou qualquer outra formação ou até mesmo de qualquer escolaridade. É uma qualidade nata originada na paixão pela transmissão de saberes, vida e vivência; que, independente das barreiras ou entraves, busca sempre privilegiar a melhor instrução para seus alunos. Não se aprende ser um educador por excelência, gerada na paixão, essa qualidade do educador, vai sendo desenvolvida e aperfeiçoada no dia a dia; na curiosidade da ampliação do saber, acadêmico ou não. Para tanto requer observação, curiosidade, criatividade, versatilidade, dedicação, amor, pesquisa e uma formação continuada (atualização constante), pois crê que sempre existe algo novo para ser apreendido. A diferença entre o professor e o educador é que o educador vai além do trivial, do óbvio, do formal; o educador supera limites, quebra paradigmas, não conduz nem é conduzido, caminha junto. O educador por excelência cria entre ele e o educando em formação laços de afetividade, cumplicidade, parceria e dedicação permanente. No mesmo tempo que ensina, o educador também aprende, pois é consciente de que é apenas um facilitador do conhecimento, não detentor deste. Por isso erra e assume que errou para não gerar o mito da infalibilidade, mas aprende com seus erros e acertos. O educador por excelência possui estabilidade emocional, pois precisa lidar com o fator erro. Podemos citar como exemplos de educadores por excelência o professor Júlio César de Mello e Souza (1895-1974), Malba Tahan, que embora não tivesse formação específica para o magistério, foi um educador que nunca se conformou com a passividade imposta aos alunos e com a monotonia da sala de aula. Professor Rubem Alves afirma que “o estudo das "ciências da educação" não faz educadores. Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar.” Um educador por excelência jamais perde a fé, jamais para diante da mais horrenda catástrofe, os seus olhos enxergam na escuridão e além dos montes, sempre crê que existe uma saída e jamais perde a esperança de contagiar a todos com a sua paixão. É um sonhador, um inovador, está sempre procurando um novo caminho para trilhar e jamais perde o prazer de educar. Por isso a qualidade essencial e primordial do educador por excelência é a paixão. Os conhecimentos necessários, implícitos e explícitos do educador por excelência que trabalha na educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos é estabelecer um Contrato Didático com seu aluno, ter consciência da existência de um Currículo Oculto, praticar a Pedagogia da Afetividade, saber fazer a Alternância das Metodologias que utiliza, ter Ética Profissional, possuir a visão de um Facilitador da Aprendizagem, aplicar a Avaliação Formativa considerando o aprendizado do estudante na forma plena e conhecer e utilizar de maneira eficaz as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC´s) no processo de ensino e aprendizagem.
I – CONTRATO DIDÁTICO
A noção de contrato didático foi introduzida pelo educador matemático francês Guy Brousseau (1980) através da análise das relações que se estabelecem implícita ou explicitamente entre professor/aluno/saber. Simplificando a definição, contrato didático é o conjunto de comportamentos do aluno em relação ao professor e do professor em relação ao aluno. Para Brousseau, as relações entre professor e alunos são dependentes de um projeto social imposto a todos e regidos por regras e convenções, mas que não coloca em jogo o saber, que constitui o terceiro parceiro na relação didática. Por sua característica específica, o contrato didático abrange especificamente os conhecimentos em jogo, por isso pode sofrer alterações, uma vez que os saberes são dinâmicos e sofrem transformações ao longo do tempo. O que distingue o contrato pedagógico do contrato didático é que o primeiro privilegia as relações sociais, atitudes, regras e convenções. O segundo privilegia o saber. São os contextos de ensino e aprendizagem que regem o direcionamento do contrato didático. Os determinantes essenciais do contrato didático são as escolhas pedagógicas, o tipo de trabalho proposto aos alunos, os objetivos de formação, a epistemologia do professor, as condições da avaliação, etc. Os objetivos fundamentais do contrato didático é a aquisição dos saberes pelos alunos. Quando mal administrado por uma das partes, o contrato didático pode ser fonte de dificuldades para a aprendizagem. Desta forma, surge a necessidade da renegociação co contrato didático. A ruptura do contrato didático ocorre quando uma das partes envolvidas na relação (professor-aluno) manifesta uma conduta não declarada, o que conduzirá ao estabelecimento de um novo contrato.
II - CURRICULO OCULTO
Currículo oculto é associado genericamente às mensagens de natureza afetiva tais como atitudes e valores; contudo, não é possível fazer separação entre os efeitos causados por estas mensagens da mensagens de natureza cognitiva. O currículo oculto não está evidente para o educando, pois a intenção não está explícita, pois foi oculta pelo professor ou outro agente; porém, alguns professores não são conscientes de sua existência, pois este é subjacente ao contrato estabelecido entre professor e aluno. Pode-se estar utilizando o currículo oculto na relação pedagógica sem que este seja percebido pelo próprio professor, pois sua prática pedagógica também está implícita no currículo oculto. O americano Philip W Jackson em seu livro: Life in Classroms (Vida em Classe, 1968), foi o primeiro educador a utilizar a expressão “currículo oculto” ao fazer referência à contribuição dada ao processo de socialização do indivíduo através das “características estruturais da sala de aula”. Antes de Jackson, o educador americano John Dewey (1859-1952) faz menção da característica intrínseca ao referir-se em seu livro: Experience and Education (Experiência e Educação, 1938) a uma “aprendizagem colateral” apresentada paralelamente e concomitante ao currículo escolar. Para Henry Giroux, as escolas não ensinam apenas os conteúdos formais como ler, escrever, calcular, etc.,pois se tratando de um espaço social, as escolas também contribuem para a inserção social do sujeito, evidenciando a duplicidade do currículo, o explicito e formal e o oculto e informal. Nas relações professor-aluno, além dos conteúdos disciplinares explícitos e formais, existem valores e saberes que são transmitidos através da socialização do processo de natureza implícita e informal.
III – PEDAGOGIA DA AFETIVIDADE
Augusto Cury (2003) afirma que “a educação está em crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto.” Apontando para a falta da afetividade nas relações escolares; afetividade não se reporta apenas aos afetos, mas aos sentimentos ligeiros ou matizes sentimentais de agrado ou desagrado. Para Moran (2007) a “afetividade é um componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao sensorial e ao intuitivo.” Se manifesta no clima do acolhimento, de empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão, de ternura, da compreensão para consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento. A afetividade dimaniza as interações, as trocas, a busca, os resultados. É um facilitador da comunicação, toca os participantes, promove a união. Gera um clima afetivo que prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as potencialidades. O homem contemporâneo, pela relação tão forte com os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, é muito sensível às formas de comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais. Como outras instituições, a educação tem se alicerçado na desconfiança, no receio de sermos enganados por nossos alunos, cultuamos a autodefesa. Um grande tema transversal para ser tratado na escola é a auto-estima e pode ser um eixo fundamental numa proposta pedagógica em qualquer nível de ensino ou curso. A aprendizagem é bem melhor quando é ambientada em um clima de confiança, incentivo, apoio e autoconhecimento. Na psicologia moderna, a evidência da tendência de integração é observada em três grandes teorias do desenvolvimento: na teoria de Jean Piaget, na de Vygostsky e na de Wallon. Piaget caracteriza a afetividade como instrumento propulsor das ações; Vygotsky afirma que o pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses impulsos, afeto e emoção; nesta esfera, uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando compreende sua base afetivo-volitiva. Para Wallon, a afetividade ocupa lugar central e se constitui num domínio funcional tão importante quanto à inteligência, pois ambas são um par inseparável na evolução psíquica. Na teoria walloniana, a afetividade é vista como instrumento de sobrevivência. A afetividade é um dos componentes principais no processo educativo por estar presente em qualquer relação humana, na relação professor aluno não pode ser excluída por envolver dimensões afetivas e servir como motivação para ambos. Desconsiderar a afetividade no processo ensino-aprendizagem impede que os alunos se tornem seres humanos melhores em todos os sentidos. Para Saltini (1999) as escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas, Por isso ele acredita que a educação deve ser pensada não através de suas diversas disciplinas, mas, principalmente, como meio de promover a própria vida. Não é possível separar a dimensão afetiva da ação pedagógica, por isso há necessidade de os professores reforçarem sua dimensão afetiva, desprendendo-se de velhas concepções sobre as quais os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula são os mais importantes nas relações escolares. Quando o professor insere emoções em suas palavras e gestos, sem agredir o outro, o aluno capta claramente a mensagem. O professor equilibrado, aberto, encanta seus alunos, pois mais que palavras, transmite confiança, respeito e aceitação que excedem a relação formal professor-aluno.
IV – ALTERNÂNCIA METODOLÓGICA
A interatividade das informações atualmente, não permite que o professor faça de sua prática pedagógica um caminho de mão única, a fase de professor do caderninho amarelo é retrograda. Hoje, há necessidade de versatilidade no processo de ensino-aprendizagem e não existe uma metodologia que seja suficiente em si própria. A prática pedagógica do educador por excelência é inconstante e está em plena construção no dia a dia; por isso o educador tem necessidade de desenvolver a percepção de quando utilizar esta ou aquela metodologia, quando mudar e quando alterná-las numa mesma aula. Sempre buscando facilitar o acesso do aluno ao conhecimento. A sensibilidade do educador deve possibilitar uma aula agradável e seus recursos metodológicos não devem ser único, pois pode ser modificada no decorrer do processo para proporcionar aos alunos que não conseguiram acessar o saber num primeiro momento. Esta modificação instantânea deve servir como um facilitador aos alunos que ainda apresentam dúvidas ou que não conseguiram acessar o conhecimento. O educador por excelência nunca menospreza ou discrimina um aluno, por mais dificuldades de aprendizagem que este apresente, pois sua satisfação está em proporcionar a todos, igualmente, as mesmas possibilidades de conhecimentos acadêmicos. Não desiste, por isso busca outros recursos metodológicos até que o conhecimento seja nivelado à capacidade intelectual de seu aluno. Nenhuma metodologia é descartada, mesmo as mais criticadas, o que vai colocá-la em uso é a necessidade dos alunos e o objetivo do educador, pois cada aluno possui um nível diferente em que sua capacidade intelectual que o expõe ao saber. Isto requer que o educador esteja atualizado e conheça as diferentes metodologias.
V – ÉTICA PROFISSIONAL
Santos (2004) inicia seu livro com uma oração que, em nossa opinião, condiz com todos os educadores por excelência. “Tenho certeza de que na vida e, principalmente, no exercício do magistério, procuro ser sempre competente, honesto, ético e seguir os princípios do Direito, da moral e dos bons costumes. Procuro sempre o bom combate com denodo e perseverança, mesmo quando a descrença, o cansaço, o desânimo e qualquer tipo de adversidade querem tomar conta de mim, ocupar a minha mente, meu corpo, meu coração” (p. 7). Ao tratarmos da definição de ética, percebemos que ética e moral possuem linhas tão próximas que, por vezes, não se sabe qual é a ética, qual é a moral, pois ambas tratam do comportamento humano, individual ou social, vez por outra, jurídicas. Ética tem origem na palavra grega ethos que significa o conjunto de conduta morais pelas quais o grupo humano busca padrões para viver e conviver que lhes garantam sua preservação e desenvolvimento, independente de qualquer prescrição codificada. Nosso objetivo é tratar da ética que se deve aplicar aos educadores que, como qualquer outro profissional, deve ser orientado por princípios éticos e morais; pois em sua função está constantemente lidando com pessoas, o que requer um dever de comportar-se adequadamente à suas responsabilidades como educador e formador de pessoas. Para Santos (2004) “o comportamento ético dos profissionais da educação deve ser exigido em todos os momentos de seu magistério e, muito mais ainda, no seu relacionamento cotidiano com seus alunos em sala de aula, também com colegas, funcionários, gestores, técnicos e, muito especialmente, com a família e a comunidade. Valores como honestidade, transparência, justiça, liberdade, respeito e responsabilidade nas suas relações de trabalho docente e não-docente podem e devem ser vivenciados, estimulados e discutidos no diálogo constante, na explicitação clara de causas e critérios” (p. 38-39). Quem exerce uma função educativa já deve ter vivido e convivido com situações que demonstram total descaso com a instituição que eles próprios fazem parte, mas que nenhuma ação tentam ou propõem para modificar a realidade. Se notarmos, os que mais reclamam são os que menos atitudes éticas apresentam no exercício de suas obrigações, desde as mais básicas e corriqueiras; não buscam melhorar suas práticas pedagógicas, não buscam investimento em suas formações continuadas e não tentam novas metodologias. É mais fácil encontrar os defeitos do que as alternativas de solução. O educador por excelência é aquele que “busca fazer do limão uma limonada”, independente das condições ou qualquer outro fator que poderia servir para desestimulá-lo, ele sempre está em busca de uma solução. Mesmo sabendo que, em muitas oportunidades, ele pode errar; todavia, jamais deixará de tentar. Não faz críticas generalizadas, pois compreende que é parte do processo e, por isso, também é parte da solução, não do problema. Emerson, filosofo citado por Santos (2004) escreveu: “O que faz as coisas difíceis parecerem fáceis é o educador.” Santos (2004, p. 58) apresenta dez princípios da ética no trabalho docente que transcrevo a seguir: 1- Seja honesto em qualquer situação. 2- Nunca faça algo que você não possa assumir em público. 3- Seja humilde, tolerante e flexível. Muitas idéias aparentemente absurdas podem ser solução para um problema. Para descobrir isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvindo as pessoas e avaliando a situação sem julgamentos precipitados ou baseados em suposições. 4- Seja ético, o que significa, muitas vezes, perder dinheiro, status e benefícios. 5- Seja pontual; a pontualidade vale ouro. Se você sempre se atrasar, será considerado indigno de confiança e poderá perder boas oportunidades de negócios, promoções etc. 6- Evite criticar os colegas de trabalho ou culpar um subordinado pelas costas. Se tiver de corrigir alguém, faça-o em particular, cara a cara. 7- Respeite a privacidade do vizinho. É proibido mexer na mesa, nos pertences e documentos de trabalho dos colegas e do chefe. Também devolva tudo o que pedir emprestado rapidamente e agradeça a gentileza, de preferência, com um bilhete. 8- Ofereça apoio aos colegas. Se souber que alguém está passando por dificuldades, espere que ele mencione o assunto e o ouça com atenção. 9- Faça o que disse e prometeu. Quebrar promessas é imperdoável. 10- Aja de acordo com seus princípios e assuma suas decisões, mesmo que isso implique em ficar contra a maioria.
VI – FACILITADOR DA APRENDIZAGEM
Na tarefa de educar, é importante que o professor faça parte do processo com integrante e não apenas instrutor; isso possibilita a extrapolação do usual e do comum, não é restringido pelo plano de aula, pois prioriza a necessidade do educando e o valoriza por que ele está incluso e contribui para o processo. Ser um facilitador da aprendizagem requer ir além do cumprimento do dever legal, requer humildade para abrir mão de convicções próprias, cumplicidade para reconhecer o valor do outro, cooperação, respeito, bom senso. Para certos docentes é difícil abrir da postura autoritária, da posição de comando e da demonstração da detenção do saber, em suas visões significa perder seus “status quo”, sua onipotência diante da classe; pois se apresentam como pessoas acima do bem e do mal, que se enganam, mas não erram. Menospreza seus alunos e sobre eles joga toda a responsabilidade das dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. Apresentam-se de maneira desrespeitosa diante de seus alunos, mas exige que lhe respeitem; não é educado, não é gentil, exige aquilo que não oferece. Certamente não são os mais apreciados pelo alunado; suas aulas, por melhores que sejam, não despertam interesse nem são apreciadas. A meta da classe é atingir a média necessária, o conhecimento é relegado a um segundo plano. A antipatia é um fator que bloqueia, não somente os relacionamentos, mas o prazer da aprendizagem em si. O educador prioriza o saber, a excelência de suas aulas, por isso despoja de si mesmo e age com sabedoria para gerenciar particularmente cada caso; quando a postura do educador não é como a de detentor absoluto do conhecimento e do poder, a sabedoria é a condutora de suas atitudes, assim evita o enfrentamento explícito diante de toda a sala. O faz particularmente e cara a cara, evitando desgaste de qualquer uma das partes. Ser um facilitador da aprendizagem requer humildade para portar-se como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem. Esta atitude favorece a descoberta, a exploração das possibilidades, as tentativas na busca por soluções e construção do conhecimento. O facilitador somente intervém quando percebe que o foco está sendo perdido; todavia, sua participação não é passiva, como um mero expectador. Neste sentido, Mussak afirma que o conhecimento não pode ser transferido, mas construído através do estímulo na busca de dados, informações e conteúdos, na expectativa de que os próprios alunos os utilizem na construção de seu conhecimento. Para isso sugere que a apresentação da disciplina seja contextualizada com exemplos profissionais de forma que o aluno perceba seu significado, pois as informações que ele julgar sem utilidade irá rejeitar. Todo mudança de postura gera medo e insegurança, deixar de ser o detentor do conhecimento e passar a facilitador requer paciência e perseverança. O início da trajetória pode ser o de dar significado ao objeto de estudo; na maioria das vezes, o professor escreve o título do conteúdo que será ministrado sem explicar seu significado, é interessando iniciar pela explicação desse título. O que vamos estudar? Qual é o significado do título? O que você pensa sobre isso? Como podemos resolver determinada situação? Deixar o aluno pensar sobre o que irá estudar e emitir sua impressão. Esta é uma forma de despertar o interesse e a participação do aluno. Depois dessa interação, ir fazendo as correções de itinerário com o saber acadêmico. Para mudar a postura atual para essa nova postura, requer do educador dedicação, estudo e planejamento de suas ações.
VII- AVALIAÇÃO FORMATIVA
Como fazer para mensurar o conhecimento/aprendizagem? O que é aprender uma letra ou um número? Numa avaliação ou duas é possível determinar o quanto de conhecimento foi absorvido pelo aluno? A avaliação deve ser feita de uma forma isenta, imparcial e justa; todavia, o que vemos são avaliações classificatórias onde determinados alunos devem estar sempre acima da média, enquanto que outros sempre abaixo, qualquer mudança nestas premissas irá causar admiração entre nossos pares. Nos conselhos de séries/classes é comum espanto e admiração quando um desses parâmetros são quebrados. “Como esse alunos conseguiu ficar com essa média na sua disciplina?” Como se o desempenho pessoal de cada aluno deve ser linear e satisfazer os anseios dos professores. Neste casos ainda podemos encaixar dois extremos: a disciplina em que a maioria dos alunos apresentam médias insuficientes (vermelhas) e a disciplina em que todos apresentam médias mais que suficientes (azuis). Numa comparação destes dois extremos, o docente da primeira disciplina se apresenta como austero e competente, o outro como benevolente e incompetente. Como encontrar uma condição justa, impessoal e apartidária? O professor Júlio César de Mello e Souza (Malba Tahan) foi muito criticado em sua época por nunca dar a nota “Zero”, explicava dizendo: “Por que dar zero, se há tantos números? Dar zero é uma tolice.” (Revista Nova Escola, Setembro 1995). Todavia, desenvolveu uma maneira para que o conhecimento estivesse disponível para todos os alunos, encarregando os alunos com melhor desempenho para auxiliar os com desempenho abaixo do satisfatório, conseguindo resgatar o nível satisfatório nas salas que lecionava. Como apresentar uma menção justa e imparcial? Querendo ou não, ao final de cada período letivo temos que atribuir a cada aluno um conceito parcial ou final. Não existe disciplina com mais ou menos importância que outra, cada uma tem sua importância no currículo. A questão é: como avaliar? A avaliação não deve ser um fato isolado do processo de ensino-aprendizagem, mas um evento contínuo, sem dissociar o conteúdo do sujeito. O sociólogo suíço Philippe Perrenoud desenvolveu o conceito de avaliação formativa que deixa de priorizar apenas um aspecto da aprendizagem e passa a valorizar outras esferas importantes no processo de ensino-aprendizagem, como a relação de parceria autônoma entre o professor e o aluno na construção do conhecimento. Através de um acompanhamento contínuo e diferenciado, pretende-se considerar o processo de aprendizado do estudante em sua forma plena e, além disso, permitir que o próprio professor aprimore continuamente suas estratégias de ensino. Sobre a avaliação formativa Tonello (2010) afirma em seu artigo que se estamos pensando em não avaliar produtos, mas sim refletir sobre os processos e percursos da aprendizagem, torna-se necessário, portando, modificar o foco do que olhar: ao invés de observar apenas o produto da aprendizagem (respostas finais dadas pelas crianças), precisamos analisar o processo (as estratégias usadas para enfrentar os desafios). O que iremos sugerir, então, é que, ao longo de cada bimestre, os professores aproveitem algumas atividades para: • Obter informações necessárias para acompanhar o percurso de cada criança e do grupo; • Apreender o modo como cada criança representa os conceitos trabalhados; • Investigar como as crianças pensam sobre o que ensinamos; • Pensar nas possibilidades que asseguram a qualidade de ensino aprendizagem; • Refletir sobre como proceder para que as crianças evidenciem seus avanços e dificuldades; • Analisar as respostas dadas pelas crianças; • Buscar compreender a lógica utilizada pelas crianças na realização das tarefas propostas. Não devemos esquecer que a avaliação servirá de parâmetro para determinar o futuro da vida escolar do aluno, através dela, o professor decide pela reprovação do aluno ou pelo prosseguimento de seus estudos; por isso nossa crença em que o processo deve ser analisado como um todo, afim de não se cometer injustiça. No final do período letivo teremos que responder, baseados na avaliação que fizemos, a questão: Este aluno possui as condições necessárias para prosseguir seus estudos? VIII – USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC´S) Permitir ou proibir o uso de calculadoras nas ciências exatas? O trabalho escolar deve ser digitado ou manuscrito? O seminário pode ser apresentado em Data show? Tudo é permitido desde que seu uso seja consciente e moderado e tudo é proibido a partir do momento em que seu uso é prejudicial na formação escolar do aluno. Por isso nossa sugestão é que se determine limites e seja sugeridas formas de utilização. O docente não pode rejeitar a modernidade totalmente, nem absorvê-la plenamente, deve incorporar a sua prática pedagógica; no entanto, estar alerta para que as TIC´s sejam um meio não um fim. Muitas vezes o excesso desvirtua os objetivos, para isso é necessário planejamento e critérios para seu uso. É comum notarmos que a tecnologia já faz parte do nosso dia a dia, mas que é desprezado no processo de ensino aprendizagem. Em todos os setores, a tecnologia da informação e comunicação encontrou lugar, somente a área educacional que tem resistido, por falta de investimento e, quando as TIC´s estão disponíveis esbarram na falta da habilidade do professor para aplicá-la em sala. Piva (2009) acredita que os alunos vivem na era tecnológica com computador, internet, vídeos-game, celular, desde a infância, então fazer uso desses recursos para transmitir e haver aprendizagem é uma forma que te sido bem aceita. Para Correia (2010), a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC), no sistema educativo deve visar um horizonte de atuação dos professores que não se limita à simples melhoria da eficácia do ensino tradicional ou à mera utilização tecnológica escolar, através dos meios informáticos. As TIC têm um papel profundo na educação. Elas proporcionam: • Novos objetivos para a educação que emergem uma sociedade de informação e da necessidade de exercer uma cidadania participativa, crítica e interveniente; • Novas concepções acerca da natureza dos saberes, valorizando o trabalho cooperativo; • Novas vivências e práticas escolares, através do desenvolvimento de interfaces entre escolas e instituições, tais como bibliotecas, museus, associações de apoio à juventude, entre outros; • Novas investigações científicas em desenvolvimento no ensino superior, entre outros. É indispensável ter presente a utilização das TIC na educação porque estas consistem em escolarizar as atividades que têm lugar na sociedade, procurando adaptá-las aos seus objetivos. Schmidt (2008) alerta para que o uso das TIC´s em sala de aula seja realmente com objetivo educacionais específicos para que não seja uma simples troca entre o quadro negro e o projetor de multimídia e o caderno pelo notebook. Sobre o uso das TIC´s na educação, Valente (2010) sugere que a equipe gestora pode ajudar o professor a questionar: “No uso que fazemos ou faremos das TIC, em aula, quem domina quem, aluno ou máquina?”, ou “Quem elabora as propostas e caminhos de estudo e trabalho? Será uma coisa ditada pela estrutura do sistema ou serão os alunos com o professor, em acordo com o contexto, interesses e possibilidades?” e ainda “A relação entre professores e alunos nas situações de uso das TIC são definidas e prontas (centralizadas, padronizadas) ou são resultado de uma construção conjunta e dialogada entre os coletivos envolvidos?” (Grifo do autor).
BIBLIOGRAFIA
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Um comentário:

  1. tirando os vários erros de grafia do texto, os recortes de outros trabalhos (ctrlo C, ctrl V) um certo romantismo quando se diz que é uma atividade nata, independente da escolaridade etc.sendo mais adiante ele se contradiz, traz bons aprendizados aos quem se propõem a ministrar aula.

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